quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Paulo e Tiago - breves considerações em uma discussão aparentemente "sem fim"

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
2 Timóteo 3:16-17

Nesse post trago uma tradução de um breve texto de Richard B. Gaffin no livro "By Faith, Not by Sight, Paul and the order of Salvation" a respeito da harmonização entre a visão de Paulo e de Tiago sobre a justificação.

Espero que os estudiosos da Palavra de Deus que procuram alimento nesse espaço virtual possam apreciar a abordagem sucinta, clara, e ao mesmo tempo iluminada e profunda da verdade de Deus (João 17:17)

Para ter acesso ao estudo apenas clique no link "Mais informações"

Graça e Paz!!!



Paulo e Tiago
Breves observações sobre uma discussão "sem fim"...

Quaisquer observações sobre fé e obediência no meio cristão são enriquecidas por referências ao debate perene a respeito de Paulo e de Tiago em suas colocações sobre fé e obras. A coerência entre eles, (no assunto que é muitas vezes visto como o ensino contraditório entre eles [sobre fé e obras na questão da justificação]) dificilmente pode ser mais bem colocada além daquela que foi proposto por J. Gresham Machen: “Da mesma forma como a fé que Tiago condena é diferente daquela fé que Paulo recomenda, assim também as obras que Tiago recomenda são diferentes das obras que Paulo condena.”[i] Além disso, como Machen mesmo reconhece, existe um importante elo de ligação em relação a questão como um todo: “A solução para todo o problema está em uma única frase,” a própria caracterização que Paulo faz da essência da fé que traz justificação em Gálatas 5:6 como a “fé que atua pelo amor”[ii] Em outro lugar ele escreve, “A fé à que Paulo de refere quando ele fala de justificação pela fé somente é uma fé que atua (que se manifesta em obras. Nota do tradutor).”[iii]
Por outro lado, como pode ser notado (mas vale a pena repetir), Paulo, o apóstolo da “obediência pela fé,” está em plena concordância com Tiago 2:18 (mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé). Em relação a isso, seria praticamente dispensável dizer que o Abraão de Tiago 2:21-24 exemplifica a resposta à Romanos 1:5 para a promessa do evangelho da aliança, que foi cumprida por Cristo (vv. 2-4), como uma resposta de “obediência pela fé.” Esse Abraão, o Abraão da obediência pela fé, implicitamente dá o suporte e dessa forma qualifica tudo que Paulo diz sobre ele e sua fé em qualquer outra passagem em Romanos. De fato, podemos dizer, em Romanos nós encontramos o Abraão de Tiago, em realidade, tanto antes quanto depois, em 1:5 e em 16:26, nós encontramos o Abraão que Paulo introduz explicitamente o capítulo 4. Esses dois não são de forma alguma pessoas diferentes, nem cada função como exemplo teológico está em tensão uma em relação à outra. Eles são uma e a mesma pessoa, e jamais poderemos entender corretamente a um independentemente do outro.
Essas observações não apenas são indicativos da concordância e coerência entre Paulo e Tiago, mas olhando além para o ensinamento do Novo Testamento, elas carregam uma função perene de nos alertar para a vida da igreja. Um absoluto desastre será se seguirá como resultado de negarmos ou obscurecermos a fé como o “único meio de justificação,” tanto no presente quanto no futuro. Mas tal fé justificadora “não se manifesta sozinha na pessoa justificada... ela não é uma fé morta, mas atua através do amor.”


[i] J. Gresham Machen, The New Testament: An Introduction to Its Literature and History (ed. W. J. Cook; Edinburgh: Banner of Truth, 1976), p. 239.
[ii] É digno de nota, pelo menos aqui, que Machen não procura solucionar o problema ao atribuir diferentes sentidos que Paulo e Tiago possam ter em mente ao usar o verbo “justificar.”
[iii] J. Gresham Machen, What Is Faith? (London: Hodder & Stoughton, 1925), p. 204

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