quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O livro de Daniel e a história de José do Egito!!!

Faço um decreto pelo qual, em todo o domínio do meu reino, os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel, porque ele é o Deus vivo e que permanece para sempre; o seu reino não será destruído, e o seu domínio não terá fim... Daniel 6:26

A Bíblia é um livro maravilhoso, mas que tem inspirado críticas na mente de muitos estudiosos. O livro de Daniel é um foco grande dessas críticas por seu caráter profético, e as questões de autoria e data de composição do livro são altamente disputadas.
Nesse post eu trago a tradução de um breve estudo sobre as relações temáticas e linguísticas entre a história de Daniel e de José de Egito retirado do comentário bíblico de John J. Collins chamado Hermeneia.

Que essas reflexões sejam proveitosas a todos, e para ter acesso a esse estudo clique no link "Mais informações" logo abaixo

Graça e Paz!!!




O livro de Daniel e a história de José do Egito

As afinidades mais óbvias com a história de Daniel vêm indubitavelmente da história de José do Egito. Tanto Daniel quanto José são levados cativos e se tornam membros da corte de reis estrangeiros. Ambos chegam à proeminência por causa de sua habilidade dada por Deus de interpretar sonhos, e ambos são nomeados para altas posições a serviço de um rei gentio.[1]

Os pontos de similaridade se estendem a frases e expressões.
Os jovens em Daniel 1:4 têm boa aparência (טובי מראה), José também era “formoso de porte e de aparência” (יפה תאר ויפה מראה) (Gen. 39:6). No fim do período de testes, Daniel e seus amigos estavam gordos (בריאי בשׁר), a mesma expressão usada para designar as vacas de Faraó (Gen. 41:2).

A mesma raiz das palavras é usada no texto aramaico de Daniel e no Hebraico do Gênesis para designar o intérprete de sonhos (חרטום) e interpretação (פתרון/פשׁר) e para os oficiais da corte (provavelmente eunucos) (סריסים) em ambas as histórias.


O mesmo verbo é usado para descrever a angústia ocasionada pelos sonhos (פעם) (Gen. 41:8; Dan 2:1) e para aparência de abatimento (זעפים) (Gen. 40:6; Dan. 1:10). Tanto José como Daniel são mencionados como tendo o Espírito divino (Gen. 41:38; Dan. 5:11, 14). Ambos confessam que as interpretações dos sonhos pertencem a Deus (Gen. 40:8; 41:16; Dan. 2:28) e dizem que Deus os fez saber algumas coisas que devem vir a acontecer (Gen. 41:25, 28; Dan. 2:28). 


Apesar de algumas dessas similaridades derivarem de um contexto comum em uma corte no Oriente médio antigo e a preocupação comum na interpretação de sonhos, a correspondência verbal torna bastante possível que Daniel conhecia a narrativa do gênesis e foi influenciado pela história de José.


Em vista dessa situação, não é surpresa que um grande número de eruditos tem categorizado o gênero de Daniel, capítulos 1 a 6, primariamente em termos de sua relação com livros bíblicos mais antigos, como um Midrash. Essa designação é insatisfatória, contudo. A Midrash é definida como “uma obra que tenta tornar um texto da Escritura compreensível, útil, ou relevante para uma geração posterior.” A relação para com a Escritura anterior é crucial: É o texto da Escritura que é o ponto de partida e é por causa do texto que a midrash existe.” Esse não é o caso em Daniel 1-6. Em nenhum caso Daniel está interpretando ou contando novamente a história de José. 


Daniel mesmo era um herói novo, e em uma nova situação. A influência do gênesis pode no máximo ser apontada apenas como um dos fatores possivelmente relevantes na produção final do texto de Daniel.


[1] Compare também a recusa de Daniel de se contaminar com a comida do rei e a rejeição de José sob os avanços da esposa de Potifar.

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