terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O estatuário (as imagens de escultura do santuário e da história de Israel) e o Segundo Mandamento

Não farás para ti imagem de escultura... 
Êxodo 20:4

Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava.
Números 21:8-9

A ordem de Deus para a construção de variados objetos em forma de estátua (os bois que sustentavam o mar de fundição [1 Reis 7:23-26], os querubins acima do propiciatório [Êxodo 25:19], a serpente de bronze no deserto [Números 21:8-9] ), é vista como uma forma de validar a presença das estátuas religiosas em contexto de veneração pela comunidade católica e portanto é importante que possamos dar atenção a esse tópico e esclarecer a relação entre essas estátuas cuja fabricação foi ordenada por Deus em pessoa e o Segundo Mandamento de sua Lei (êxodo 20:4-6).
Trago nesse Post a tradução de um breve artigo de George W. Reid publicado originalmente no site do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Conferência Geral (Veja a publicação original em inglês aqui!!!), e espero que ele seja elucidativo quanto à algumas questões básicas em torno dessa discussão!

Para ter acesso ao estudo de George W. Reid apenas clique no link "Mais informações" logo abaixo

Graça e Paz!!!




O estatuário e o Segundo Mandamento
George W. Reid

Alguns cristãos sinceros se perguntam se por acaso a construção do santuário não seria uma violação do Segundo Mandamento. Esse mandamento reconhece ou ignora a distinção entre a arte por si mesma da arte com objetivos religiosos? E poderia existir arte com propósitos religiosos que sejam aceitáveis diante de Deus? Por causa do fato de que os Dez Mandamentos representam o âmago da lei moral e expressam a vontade de Deus é importante que demos respostas a essas perguntas.
            A questão toda lida com o Segundo Mandamento. Ali Deus disse aos israelitas para que eles não fizessem imagens de escultura, especificamente no contexto de que eles se ajoelhassem diante delas e as adorassem. O Egito, o lugar de onde eles tinham sido libertos, era cheio com o estatuário dos deuses e o Senhor estava dizendo aos israelitas, “Não façam esse tipo de coisa.” Sua preocupação era claramente relacionada com a tentação de se usar imagens como veículos facilitadores de adoração. Criar uma imagem do Eterno e Poderoso Senhor iria distorcer o entendimento deles de Sua majestade e o reduziria diante da compreensão humana. Deus é invisível aos seres humanos e deveria ser adorado como o governante invisível do universo.  Os egípcios também acreditavam que seus deuses eram vivos e invisíveis, mas que requeriam ser representados pelo estatuário para fazer o povo se lembrar dos deuses escondidos. Deus está dizendo aos israelitas, não façam que a adoração a mim, de maneira nenhuma, seja vinculada de forma dependente de veículos artísticos. Adorem-me diretamente, com uma adoração que surja do coração.
            É claro que esta proibição do estatuário como veículo facilitador de adoração não tinha por intenção excluir todos os tipos de obras de arte fora do modelo da adoração, como é afirmado pelos muçulmanos. A evidência disso é encontrada nas instruções de Deus para a construção do tabernáculo, e mais tarde do templo. A “bacia de bronze” original que ficava no pátio onde os sacerdotes deveriam se lavar foi expandida no templo de Salomão para um “mar de fundição” muito maior, cujo perímetro era de 30 côvados (cerca de 14 metros), estando firmado nas costas de doze bois feitos de bronze (1 reis 7:23-26). Mesmo no lugar onde Deus se encontrava com seu povo era legítimo ter um estatuário funcional, mas este não deveria ser usado como objetos de adoração ou facilitadores de adoração. E nós temos outros exemplos. As grandes cortinas que estavam penduradas no tabernáculo separando o pátio do lugar Santo, e o segundo separando o lugar Santo do Santíssimo tinham figuras de anjos tecidos na sua fabricação (Êxodo 26:1). Ainda mais, em cada lado do propiciatório, na tampa que cobria a arca da aliança, uma imagem de um anjo foi colocada (Êxodo 25:18-22). Esses estavam, é claro, fora das vistas dos adoradores, mas eles eram conscientes da presença deles. As pessoas, entretanto, deveriam adorar a Deus e nunca aos anjos. A adoração de anjos, mesmo eles habitando na imediata presença de Deus, é proibida de forma específica nas Escrituras (Apocalipse 19:10; Isaías 6:10).
            Além do tabernáculo em si, nós temos o momento em que Deus ordenou a Moisés que este construísse a imagem de uma serpente de bronze no deserto (Números 21:8-9), que em séculos posteriores veio a ser adorada pelos hebreus, levando Ezequias a deter a idolatria destruindo a imagem (2 Reis 18:4). Claramente, não foi a atitude de fazer a imagem que era ofensiva a Deus, mas sim o uso inapropriado dessa imagem.
            Baseados nessas passagens, nós concluímos que o uso de decoração artística, incluindo-se um estatuário (uma estátua, ou mais), mesmo em locais de adoração, não é algo que esteja em violação do Segundo Mandamento. Necessitamos pensar nessas coisas em termos de arte, e não de veículos facilitadores de adoração como é a prática e compreensão comum na comunidade católica romana, e não para incorporá-los em nossa adoração. Deus ama a beleza, e disso temos muitas evidências, e nós devemos trazer a Ele nossos melhores dons, sejam músicas, pinturas, ou outros talentos e habilidades, mas nunca objetos de adoração.
A abordagem bíblica em relação à arte em contextos de não-adoração é descrita nas passagens citadas neste breve artigo. Pelo fato de o cristianismo primitivo ter sido considerado pelas autoridades como uma seita ilícita, e em muitas vezes a vida dos cristãos estava em perigo, não foi senão depois de muitas décadas depois que eles ousaram erigir instalações para adoração. Essas instalações eram simples e dificilmente ornamentadas em qualquer maneira.
            Entre os primeiros lugares de adoração cristã que ainda estão preservados estão as catacumbas debaixo da cidade de Roma, onde cristãos, operando sob a rubrica dos grupos que enterravam os mortos, adoravam a Deus em câmaras no subsolo e estreitos corredores talhados em formações de calcário relativamente macias para serem cavadas. Ali eles deixaram inscrições e simples símbolos pintados, sendo o mais conhecido o símbolo do peixe, bem como pinturas sobre temas bíblicos e representações das pessoas mortas enterradas nas paredes das criptas. Seguindo-se ao reconhecimento legal do cristianismo no império romano em 313, edifícios de igreja rapidamente surgiram e eles mesmos se tornaram objetos de devoção. Nesses edifícios as obras de arte passaram do uso secular e comemorativo para objetos que possuíam significado religioso. Naquele ponto eles entraram em um estágio de clara desobediência e violação do Segundo Mandamento.
            Os cristãos comprometidos com os ensinos e práticas de acordo com a Bíblia manterão uma clara distinção entre uma obra de arte como uma obra de arte, e uma obra de arte como objeto de devoção religiosa de qualquer espécie. Essa distinção é ilustrada na destruição da serpente de bronze efetuada por Ezequias. Conquanto aquela serpente tivesse uma origem impecável, tendo sido preparada pela explícita ordem de Deus, seu uso se corrompeu até se tornar objeto de idolatria por parte de um povo cuja religião mudou de uma caminhada pessoal e íntima com Deus para a religião da honra dispensada a uma antiguidade. 

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